Até alguns anos, era comum encontrar nas praias da cidade picolés vendidos sem embalagem ou invólucro. Hoje, a prática está quase extinta e a razão da mudança está ligada a um processo de disseminação de boas práticas que vem sendo realizado pela Vigilância Sanitária de Salvador. “Desde 2010, nós realizamos o diagnóstico da fabricação de gelados comestíveis e é visível uma evolução no cumprimento das exigências legais com relação ao processo produtivo, embora ainda haja muito trabalho a ser feito”, conta a chefe do setor de Alimentos da Vigilância Sanitária, Kátia Rezack.
A declaração foi feita na última quarta-feira (23.09), durante o Workshop de Implantação das Boas Práticas nas Indústrias e Produtores de Gelados Comestíveis, realizado no SENAI Dendezeiros, em Salvador,com apoio da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). Durante o evento, Rezack orientou os empresários do setor sobre os diversos procedimentos voltados à redução do risco no consumo do produto, como a pasteurização, a qualidade da água e as boas práticas de manipulação de alimentos. O foco maior do diálogo, no entanto, foram às informações que devem estar disponíveis nos rótulos, com relação não só a origem do produto, como sua validade e composição.
"Há determinações legais que muitos empresários não conhecem, como a obrigatoriedade de que seja indicada nos rótulos a presença de componentes alergênicos, incluindo ingredientes comuns, como leite e ovos”, explica Kátia Rezack. Segundo a especialista, a rotulagem adequada contribui tanto para proteger o consumidor, que tem como conhecer melhor o que está comprando, quanto para elevar o padrão de qualidade dos produtos comercializados no mercado.
Na opinião do diretor do Sindicato das Indústrias de Congelados, Sorvetes e Sucos do estado da Bahia (Sindsucos), Luiz Hermida, é necessária uma mudança de atitude do empresariado para garantir uma maior adequação às normas de segurança alimentar. “Muitos fabricantes são pequenos empreendedores que não dispõem de recursos e desconhecem vários aspectos envolvidos na montagem do negócio”, conta Hermida. O executivo informa ainda que o sindicado apóia regularmente as ações da Vigilância e procura estimular as indústrias a adequar os seus procedimentos. No entanto, o próprio índice de associativismo no segmento é baixo. Das 194 empresas que, segundo dados da CNI, atuam no ramo de fabricação de sorvetes e picolés no estado, apenas oito são filiadas ao Sindicato.